
Que papel têm os medicamentos (psicofármacos) no tratamento das doenças mentais?
Os medicamentos são extremamente importantes, muitas vezes decisivos, no tratamento das diferentes formas de dolência humana. Muitos dos mais notáveis avanços, em termos do tratamento e da arquitectura/organização da prestação de cuidados, tiveram por base os desenvolvimentos na área da psicofarmacologia. Contudo, é também importante, noutra linha, a aceitação das nossas limitações, a integração delas no nosso sistema de expectativas de forma a integrar, também, uma boa competência em termos da elaboração da frustração… sem limitar o pensar (sentir) em grande (o pensar alto pode ser mal interpretado…), nem que seja na sua forma energética mais elementar (pré-pensamentos, prefiro ante-pensamentos) prontos a serem burilados como o mais precioso dos diamantes.
O manancial de prescrição de antidepressivos e ansiolíticos (e também, de alguma forma, dos agonistas opiáceos prescritos nas adições a heroína), tem subido e discordo da opinião, tantas vezes expressa, de que isso se deve à menor aptidão dos médicos para conter a angústia dos seus doentes por métodos psicoterapêuticos ou com mais baixo recurso às substâncias referidas. Bem pelo contrário… Acredito sim, que existem razões clínicas para esta realidade e se, porventura, se vier a verificar a descida dos gastos, em grosso, nestas substâncias, isso ficará a dever-se à pressão institucional no sentido da opção das moléculas mais antigas e mais baratas, em detrimento das mais recentes e que marcam, quer se queira quer não, o desenvolvimento da investigação e da prática clínica moderna.