Esquecer não é o tratamento para os nossos males?
Eu não acho que seja sensato afastar/fugir de uma parte que é nossa (que nos compõe, e da qual somos continente), e que é tão rica dentro das possibilidades que nos oferece… proporciona-nos, por exemplo, o contacto com o nosso passado (o deprimido melancólico está “grávido de passado”), amadurece-nos como nenhuma outra coisa o faz (amadurecemos na tristeza, não na hipertimia) e, de uma forma geral, até em termos terapêuticos não me parece a “estratégia” a seguir. O lastro depressivo comparo-o, às vezes, às mãos calejadas vazias.
Esta ideia, tem sobretudo fundamento nos posicionamentos de registo neurótico, mas fora dos sofrimentos ansiosos (deprimimos pela perda e ansiamos pela ameaça). Não se deprime quem quer, mas sim quem pode… Ora, as mãos calejadas, mesmo (sobretudo!) vazias, são um cadinho quente e soalheiro para o renascimento (reinvestimento/re-ilusão) do que quer que seja…