Etiqueta: depressão

Esquecer não é o tratamento para os nossos males?

Eu não acho que seja sensato afastar/fugir de uma parte que é nossa (que nos compõe, e da qual somos continente), e que é tão rica dentro das possibilidades que nos oferece… proporciona-nos, por exemplo, o contacto com o nosso passado (o deprimido melancólico está “grávido de passado”), amadurece-nos como nenhuma outra coisa o faz (amadurecemos na tristeza, não na hipertimia) e, de uma forma geral, até em termos terapêuticos não me parece a “estratégia” a seguir. O lastro depressivo comparo-o, às vezes, às mãos calejadas vazias.

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A crise financeira/económica e social actual, influencia a forma e severidade do adoecer mental?

A decorrência humana (trans-histórica), mostra-nos que a capacidade de enfermar existe para além das “crises” situacionais. As crises representam uma ameaça, por isso são ansiógenas e, nesse ansiar, desorganizam o comportamento e impõem o accionamento de reservas adaptativas (que uns terão mais do que outros). Dentro ou fora das crises, é desejável um bom acesso às nossas partes boas, um exercício pleno (jogo), um vai-e-vem dos diferentes papéis psicológicos (e sociais) de que somos constituídos, e a capacidade de nos ancorarmos bem nas nossas acontecências histórico-vitais. A crise, e os novos modelos de gestão trazidos para o sistema, carrearam agentes investidos maniacamente de poder (oco e sem relação com os modos de fazer existentes) que se encarregaram de produzir colaboradores (“yes-coisas”) deprimidos, ameaçados e organizados (formatados) melancolicamente.

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As perturbações do espectro ansio-depressivo

As perturbações do espectro ansio-depressivo têm aumentado, em termos de incidência?

A realidade mostra-nos isso mesmo, e o trabalho em urgência psiquiátrica hospitalar pública (e no canal de ligação à realidade que esse setting representa) é hoje notavelmente saturado pelo sofrimento mental de cariz ansioso… A falta, o encurtamento e até o corte das expectativas projectáveis numa determinada linha histórico-vital, representa, a par de um leque largo de outros eventos (“life-events”), a acentuação da depressividade.

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